segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Saber o sexo antes do nascimento importa?

Para especialistas, o fundamental é se preparar ser mãe ou pai, independentemente se de um menino ou de uma menina

Manuela Minns, especial para o iG São Paulo | 18/08/2011 08:24






Foto: Guilherme Lara Campos/Fotoarena Ampliar
Carolina não quis saber qual era o sexo do filho Luca antes do nascimento: enxoval em amarelo
Antigamente, só se descobria o sexo do bebê na hora do esperado primeiro choro, na mesa de parto. Hoje, com ultrassom e exames de sangue, é possível saber se será menina ou menino com até oito semanas de gestação. E a maioria esmagadora quer saber, seja por curiosidade ou por motivos práticos, como montar o enxoval e receber presentes. Quem prefere a ignorância é taxado de maluco. Mas será que realmente muda alguma coisa saber antes?

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“As pessoas não se conformavam que a gente não queria saber”, lembra a produtora Carolina Botelho, 34 anos, mãe de Luca, 6 anos. Durante os exames de ultrassom, por precaução, ela nem olhava para o monitor. As pessoas faziam apostas para saber o sexo. Até as enfermeiras, no dia do parto, entraram no bolão.

Em nenhum momento Carolina diz ter ficado ansiosa para saber se o que tinha na barriga era menino ou menina. Ao tomar a decisão de não saber o sexo do bebê, esqueceu o assunto. Os outros é que se roíam por dentro. E a dúvida durou até o parto: “Fiquei 24 horas em trabalho de parto e quando a cabeça do bebê saiu, meu marido viu aquele monte de cabelo e gritou ‘é menina’”.

A produtora não foi a única da família que optou pela surpresa. Sua irmã mais velha teve dois filhos e não quis antecipar o sexo de nenhum. “Meu médico é o mesmo dela e me dizia que a gente tem de se preparar para ser pai e mãe, independentemente de esperar menina ou menino”, conta.

O ginecologista Pedro Paulo Monteleone, da Clínica Monteleone, de fertilização, concorda plenamente. Para ele, os tempos da surpresa eram muito melhores. “Hoje em dia, a maior parte dos casais quer saber o sexo do bebê antes de engravidar. Vão para a sala de parto sabendo a cara, o sexo e o nome”, diz o médico. “Acabou o romantismo”.

Por mais que os pais queiram definir tudo, a legislação brasileira impede o casal de escolher o sexo do bebê nos casos de inseminação artificial. Salvo onde há recomendação médica, como casos de doença de família relacionada ao sexo.

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Foto: Carla Fomanek Ampliar
Renato e Lucia no lançamento do livro: ele se preparou para ser pai de menina
Preparação sob medida

Se a ignorância funciona como um fator positivo na gestação e formação dos futuros pais, saber se o bebê que está naquela barriga é uma menina ou um menino pode desmistificar a futura criança e evitar frustrações. “O sexo do bebê é um dos processos mais fantasiados. De cada dez casais, nove querem saber o que terá”, conta Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal da UNESP de Bauru.

Não ter este desejo realizado pode gerar estresse e frustração. “Quando recebem a notícia e não é o que se esperava, o casal pode até criar um certo desapego com o bebê”, conta Rafaela. Nestes casos, é importante saber o sexo, para poder lidar com a questão. Se não for o que imaginavam, os pais podem fazer o luto do bebê imaginado e ir criando uma nova identidade para o bebê real.

“Saber que eu ia ser pai de uma menina ajudou a me preparar psicologicamente”, conta o escritor Renato Kaufmann, autor do blog Diário de um Grávido e do livro “Como Nascem os Pais” (Mescla Editorial), em que ele descreve o desespero e as delícias da espera e do nascimento da pequena Lúcia, hoje com 2 anos.

Renato diz que ele e a mulher nunca consideraram a hipótese de não saber o sexo do bebê. Para ele, saber de antemão ajudou a tirar as dúvidas de como lidar e o que ensinar para uma menina. “Estou adorando ser pai de menina”, atesta o escritor.

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Decoração unissex

Além da preparação psicológica, as questões práticas também pesam. Que roupas comprar e como decorar o quarto?

Para Renato Kaufmann, seria sem graça ter tudo unissex. “Nem é tanto pelo azul versus rosa, mas não acredito nessa de criança criada sem gênero. Tem é que evitar os estereótipos. Eu vivo vestindo a Lúcia de preto”, conta o pai. Segundo ele, saber o sexo do bebê ajuda também para quem vai dar presente.

Já a produtora Carolina Botelho não teve problema nenhum com o enxoval de Luca. “As roupas eram em tons neutros, brancas, amarelas, beges. No quarto coloquei uns quadrinhos que minha mãe deu”, lembra.

A bancária Solange Crisis, 47 anos, e o marido Rogério tiveram de fazer alguns malabarismos. Ela sabia que o bebê seria menina, ele não. O quarto e as roupinhas de Sofia, hoje com 10 anos, não poderiam estragar a surpresa do pai. “Tive de fazer uma decoração que não denunciasse o sexo. Já as roupinhas, comprava tudo rosa, mas escondia no armário”, conta Solange.

Os amigos tinham que dar camisetas e vestidinhos em tons neutros. “O melhor é que meu marido nem se tocava quando eram saias e vestidinhos amarelos. Não sendo rosa, estava mantido o mistério”, brinca.

“Sem saber se é menino ou menina, é preciso optar por motivos menos específicos para os acessórios. Os objetos não podem brigar com o sexo do bebê. Realmente não dá para pintar o quarto de lilás ou rosinha, vai que é um menino”, concorda a personal organizer Andrea Caetano, da Wellbeing.

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Foto: Divulgação Ampliar
Cupcakes revelam o sexo do bebê quando abertos
Doce descoberta

Há quem queira desvelar o mistério junto com a família e amigos. E, de quebra, de forma saborosa. Comum nos Estados Unidos, os gender cakes ganharam versão brasileira nas mãos de Luana Davidsohn, da Cupcakes da Luana.

A mecânica é simples. A futura mãe faz o ultrassom e pede para a equipe médica não contar o sexo do bebê, mas sim escrevê-lo em um papel e lacrar. Ela leva o papel até a loja de bolos e os cupcakes são preparados com recheio rosa ou azul, dependendo se for menina ou menino. Na hora em que são mordidos e o recheio aparece, o sexo do bebê é descoberto.

“Temos uma grávida que vai fazer o ultrassom e como não aguenta o suspense no mesmo dia vai reunir a família e celebrar com os cupcakes. A ideia é todo mundo descobrir junto o que será”, conta Marina Zinn, sócia do Cupcakes da Luana.

Fonte: Home IG - Delas - Filhos
http://delas.ig.com.br/filhos/saber+o+sexo+antes+do+nascimento+importa/n1597161171640.html

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Estudo indica que estresse da mãe afeta bebê no útero

BBC 20/07/2011 05h36 - Atualizado em 20/07/2011 06h36

Pesquisa observou alterações em receptores de hormônios associados ao estresse em fetos cujas mães eram muito tensas.

Da BBC
O estresse de uma mãe pode afetar seu bebê ainda no útero, produzindo efeitos a longo prazo na vida da criança, sugerem pesquisadores alemães.
A equipe da Universidade de Kontanz, na Alemanha, observou que houve alterações biológicas em um receptor de hormônios associados ao estresse em fetos cujas mães estavam sob tensão intensa - por exemplo, por conviverem com um parceiro violento.
As alterações sofridas pelo feto podem fazer com que a própria criança seja menos capaz de lidar com o estresse mais tarde. Essas alterações foram associadas, por exemplo, a problemas de comportamento e doenças mentais.
As conclusões, baseadas em um estudo limitado feito com apenas 25 mulheres e seus filhos - hoje com idades entre 10 e 19 anos -, foram publicadas na revista científica 'Translational Psychiatry'.
Os pesquisadores fazem algumas ressalvas: eles explicam que as circunstâncias das mulheres que participaram desse estudo eram excepcionais, e que a maioria das mulheres grávidas não seria exposta a graus tão altos de estresse durante um período tão longo.
A equipe enfatiza também que os resultados não são conclusivos, e que muitos outros fatores, entre eles o ambiente social em que a criança cresceu, podem ter desempenhado um papel nos resultados.
Mas os especialistas alemães suspeitam que o ambiente primordial, ou seja, o do útero, tenha papel crucial.
Investigação
O estudo envolveu análises dos genes das mães e dos filhos adolescentes para a identificação de padrões pouco comuns.
Alguns dos adolescentes apresentaram alterações em um gene em particular - o receptor de glucocorticoide (GR) - responsável por regular a resposta hormonal do organismo ao estresse.
Esse tipo de alteração genética tende a acontecer quando o bebê está se desenvolvendo, ainda no útero.
A equipe disse acreditar que ela seja provocada pelo estado emocional ruim da mãe durante a gravidez.
Sensibilidade
Durante a gravidez, as mães participantes viveram sob ameaça constante de violência por parte de seus maridos ou parceiros.
Entre dez ou vinte anos mais tarde, quando os bebês, já adolescentes, foram avaliados, os especialistas constataram que eles apresentavam alterações genéticas no receptor GR não observadas em outros adolescentes.
A alteração identificada parece tornar o indivíduo mais sensível ao estresse, fazendo com que ele reaja à emoção mais rapidamente, dos pontos de vista mental e hormonal.
Essas pessoas tendem a ser mais impulsivas e podem ter problemas para lidar com suas emoções, explicam os pesquisadores - que fizeram entrevistas detalhadas com os adolescentes.
Um dos líderes da equipe da Universidade de Kontanz, Thomas Elbert, disse: 'Nos parece que bebês que recebem de suas mães sinais de que estão nascendo em um mundo perigoso respondem mais rápido (ao estresse). Eles têm um limite mais baixo de tolerância ao estresse e parecem ser mais sensíveis a ele'.
A equipe planeja agora fazer estudos mais detalhados, acompanhando números maiores de mulheres e crianças para verificar se suas suspeitas serão confirmadas.
Comentando o estudo, o médico Carmine Pariante, especialista em psicologia do estresse do Instituto de Psiquiatria do King's College London, disse que o ambiente social da mãe é de extrema importância para o desenvolvimento do bebê.
Segundo ele, durante a gravidez, o bebê é sensível a esse ambiente de uma forma única, 'muito mais, por exemplo, do que após o nascimento. Como temos dito, lidar com o estresse da mãe e com a depresão durante a gravidez é uma estratégia importante, clínica e socialmente'.

Fonte: G1 Ciência e Saúde