quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Resumo publicado nos anais da Reunião Anual da SBP 2012



VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA CONTRA A MULHER DURANTE O TRABALHO DE PARTO

Fernanda Maria Vernini*; Patrícia Renata Bariquello Cavalcante* ; Rosângela Aparecida Barbosa Paulo Ricci* ; Rafaela de Almeida Schiavo**
* Discente da  Instituição Municipal de Ensino Superior de São Manuel
** Docente da  Instituição Municipal de Ensino Superior de São Manuel

O relato de mulheres que sofrem violência dos profissionais de saúde em instituições públicas e privadas durante o trabalho de parto estão aumentando em nosso país. Pesquisas recentes apontam que os tipos de violência na assistência ao parto, sofrida por parturientes são de negligência, abuso verbal, físico e sexual. Este trabalho tem por objetivo apresentar relatos verbais de gestantes que passaram por violência obstétrica durante gestação e trabalho de parto anterior à atual gravidez. As informações foram obtidas em um grupo realizado com 12 gestantes em uma cidade do interior paulista, o atendimento ao grupo de gestantes ocorre em uma Instituição Municipal de Ensino Superior, como atividade de estágio no curso de psicologia, com o objetivo de promover discussão e reflexão a cerca das mudanças biopsicossociais da gravidez, parto e puerpério. O relato sobre violência obstétrica sofrida por algumas dessas participantes, surgiu no encontro direcionado ao tema sobre parto, onde as gestantes que já pariram anteriormente relataram suas experiências vividas no parto e que causam medos e inseguranças na gravidez atual. Os relatos de violência obstétrica sofrida por algumas dessas mulheres foram: “[...] o médico me disse, vamos ver se conseguimos escutar o seu bebê no meio de tanta banha [...]”; “[...] tenho medo do parto normal por causa da episiotomia, tive que realizar grande sutura [...]”; “[...] o médico me disse, na hora de fazer gostou né? Agora tem que aguentar [...]”; “[...] durante o trabalho de parto, no toque me machucaram, fiquei com medo da dor e passei meses sem ter relações sexuais com meu marido [...]”; “[...] me disseram que quanto mais eu gritasse, mais fariam com que eu sofresse [...]”; “[...] ter um acompanhante na sala de parto é lei, mas mesmo assim não deixam entrar ninguém com a gente, pelo menos aqui na cidade, ninguém pode ter acompanhante [...]”. Diante desses relatos, é possível dizer que infelizmente as mulheres em vez de exercer o seu protagonismo na cena de parto, estão sendo submetidas ao papel de vítimas nesse momento. Pesquisas revelam que intercorrências obstétricas durante o parto, influenciam negativamente na saúde mental materna, no pós-parto, sendo uma das fortes causas do estresse, ansiedade e depressão no puerpério. O nascimento de um filho deveria marcar positivamente a história da díade mãe-bebê, para um bom desenvolvimento dessa relação, evitando-se assim prejuízos à saúde materno-infantil. Entretanto, o que se observa nos relatos, indica que o momento do nascimento do filho é marcado por dor e sofrimento, gerando até mesmo para algumas sensações traumáticas. É de extrema importância e urgência que o atendimento à gestante e a parturiente, ocorra de forma mais humanizada, evitando-se assim futuros problemas de saúde mental em decorrência dos maus-tratos sofridos por estas, em instituições de saúde públicas e privadas, locais estes que deveriam garantir e zelar pelo bem estar físico e mental da paciente.
Palavras Chave: Parto. Violência. Gestação.
Outro – Relato de estágio

SAÚDE – Psicologia da Saúde