Texto Publicado no portal IG na sessão DELAS
Sexo do bebê: você tem preferência?
Antes e durante a gestação, sentir mais vontade de ter menina ou menino é normal entre plebeus e nobres – até Kate Middleton teria deixado escapar sua preferência
Verdadeira ou não, a história aproxima ainda mais Kate e William dos “comuns” que os admiram, já que ter preferência por um gênero faz parte da realidade da maioria das pessoas. “Tanto homens quanto mulheres, muito antes de engravidar, já são ‘pais’ de um bebê imaginário e até escolhem o nome do futuro filho”, afirma a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, mestre em psicologia do desenvolvimento e aprendizagem pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Bauru. “Não há nada de errado nisso. Só há problema quando o desejo por um gênero é tão forte que, ao descobrir que o sexo do bebê é o oposto do esperado, manifesta-se depressão ou obsessão.”
Ela explica que o desejo saudável pode ter várias causas: o ideário cultural dos pais (achar que menina é delicada e menino é bruto, por exemplo), a mulher sofrida querer um menino para que ele não passe pelas dificuldades enfrentadas por ela ou a mulher feliz desejar uma menina para poder “dar à luz a si mesma”, até para que a pequena possa fazer o que a mãe não teve oportunidade. E muitas outras, uma vez que as emoções humanas são complexas.
A professora de inglês Andréa Klein sempre quis ter uma filha e realizou seu sonho logo na primeira (e única) gravidez, da qual nasceu Laura, hoje com seis anos. “Queria uma menina para me acompanhar no balé, na manicure, para gostar de rosa como eu gostava quando era mais nova”, diz. O ultrassom só revelou que o bebê era do sexo feminino no sexto mês de gestação. “No íntimo, eu tinha certeza de que seria menina. Mas quando o médico confirmou, chorei e ri ao mesmo tempo. Na saída da consulta, compramos um macacão rosa”, lembra.
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Mesmo plenamente realizada, Andréa confessa que não tinha coragem de falar em voz alta, durante a gravidez, que preferia uma filha a um filho. “Acho um pecado, um absurdo, por isso não verbalizava. Mas, por mais que conscientemente eu ache errado, tinha essa preferência, que posso fazer?”, justifica-se.
Bebê saudável
A autocensura é extremamente natural no convívio social, como conta Karina Zulli, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Rede D’Or São Luiz: “Antes da gestação, as pacientes declaram suas preferências, mas isso muda do momento em que a gravidez é descoberta em diante. Aparece uma certa ‘culpa’, um sentimento de que o importante é o bebê ser saudável”. Segundo a psicóloga Rafaela, isso é consequência de uma cobrança social e é preciso ter atenção. “Mulheres podem adoecer psicologicamente se não tiverem com quem conversar sobre uma possível frustração nesse sentido”, afirma.
A advogada Adriane* começou a fazer terapia após descobrir que dará à luz mais uma menina em junho deste ano – ela já é mãe de Vitória*, dois anos. “Sempre quis ter um menino, meu marido também. Quando o ultrassom da primeira mostrou que era uma menina, ficamos tristes, mas nos apoiamos na esperança de que em seguida teríamos um moleque. Agora, teremos outra garota. Não posso falar com ele sobre o que sinto, ficamos emotivos, nem com minha mãe ou uma amiga, porque todo mundo acha errado a gente querer escolher o sexo do bebê. Então converso com a psicóloga. Amo minha filha, ela é linda. Sei que vou amar a próxima, mas queremos um menino”, desabafa. O casal já planeja tentar o tão sonhado filho assim que a caçula completar um ano de idade. “Se não vier, a gente para”, garante.
O amor declarado pela advogada às filhas prova o
que Rafaela defende: “o filho não é rejeitado; a rejeição é pelo sexo
dele, o que é bem diferente”. Mas ter tantas crianças com o único
propósito de “ganhar” o bebê do gênero preferido é exceção hoje em dia.
No consultório de Karina Zulli, o mais comum é os pais se conformarem
quando o resultado do ultrassom é diferente do que eles desejavam. “Ouço
frases como ‘Ah, se não veio a menina, então é para termos um menino
mesmo’. É muito difícil um casal dizer que vai insistir só por causa do
sexo do bebê. Até pela questão financeira, porque a criação de um filho
custa caro”.
* Os nomes foram trocados a pedido da entrevistada. Veja ainda:
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