quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um pouco sobre a história da infância e da maternidade

A criança representada como símbolo de felicidade, é um fenômeno observado em nossa época. Se buscarmos na história o conceito de infância, entenderemos que este é um conceito que surge depois do século XV, e junto com esta visão de infância,        também surge uma nova visão do conceito de família.
Figuras datadas antes do século XV apresentam crianças como mini-adultos, os traços do rosto das crianças eram representados com traços de adultos, apenas a figura era desenhada em tamanho menor. Durante o período da Idade Média, não havia o sentimento em torno da infância do modo como concebemos hoje.
Nesta época era muito comum o infanticídio, a falta de cuidados físicos e afetivos, de higiene, nutrição e abandono das crianças, contribuindo assim para um número alto de mortalidade infantil.
As crianças recém nascidas até completarem certa idade, não moravam com suas mães e nem recebiam cuidados destas. As crianças eram entregues as amas de leite que deveriam exercer cuidados com o infante, e só apenas quando essa criança começasse a falar e andar, é que seria novamente entregue a sua família de origem, para serem tratados como mini-adultos, participando de reuniões, festas e guerras com os adultos.
Devido ao alto número de crianças que cada ama cuidava ao mesmo tempo, muitas crianças acabavam falecendo por desnutrição, doenças e falta de higiene. Com o elevado número de mortalidade infantil, surge a preocupação com o baixo número populacional, como repor os exércitos e mão de obra? Surge então a necessidade de re-popularização, e para isso era necessário cuidados com a criança para que ela pudesse sobreviver.
Surge nesta época a necessidade de que as mães cuidem de seus filhos e deixem de trabalhar para se dedicar apenas à família e ao lar. Esta é a configuração da tradicional família burguesa. Nesta época é difundido maciçamente que a função de toda mulher é a procriação, que ter um filho é a maior felicidade a que uma mulher pode ter.
A mãe deveria cuidar, alimentar, educar e fazer a criança feliz, e esta não precisaria ser lembrada de suas funções, pois era só ela seguir o seu sentimento de busca pela felicidade, seu instinto materno.
A mulher passou a estabelecer com a criança uma relação íntima e de carinho, o que socialmente lhe conferiu o “status maternal”. Os cuidados maternais passaram a interferir na própria identidade feminina, fazendo as mulheres se reconhecerem e se legitimarem na função materna. A maternidade passa então, a não ser mais vista como uma opção para a mulher, mas como uma condição para que ela se constitua plenamente um ser natural.
A igreja Católica passa a difundir o modelo ideal de mulher, como sendo o de Maria, mãe de Jesus. Caberia a mãe a tarefa de desenvolver na criança sentimentos morais e religiosos. A tradição cristã, também passa a representar os anjos como crianças, em sinal de inocência e de pureza.
Desta forma a criança não só foi considerada como o grande objeto de desejo de toda mulher, como é disseminado que a criança traz um forte sentimento de felicidade. Isso corrobora para a propagação da figura positiva da criança como mais um elemento de prazer e felicidade.
Nos séculos XIX e XX a criança da família burguesa já tinha o status de criança, com brinquedos, educação sofisticada e a criança da classe trabalhadora, eram destituídas de sua infância.
Desta forma a infância tal qual conhecemos hoje, deve ser compreendida dentro de um contexto cultural, bem como a maternidade e a família.

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