VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA CONTRA A MULHER DURANTE O TRABALHO DE PARTO
Fernanda Maria Vernini*;
Patrícia Renata Bariquello Cavalcante* ; Rosângela Aparecida Barbosa
Paulo Ricci* ; Rafaela de Almeida Schiavo**
* Discente da Instituição Municipal de Ensino
Superior de São Manuel
** Docente da Instituição Municipal de Ensino
Superior de São Manuel
O relato de mulheres que sofrem
violência dos profissionais de saúde em instituições públicas e privadas
durante o trabalho de parto estão aumentando em nosso país. Pesquisas recentes
apontam que os tipos de violência na assistência ao parto, sofrida por
parturientes são de negligência, abuso verbal, físico e sexual. Este trabalho
tem por objetivo apresentar relatos verbais de gestantes que passaram por
violência obstétrica durante gestação e trabalho de parto anterior à atual
gravidez. As informações foram obtidas em um grupo realizado com 12 gestantes
em uma cidade do interior paulista, o atendimento ao grupo de gestantes ocorre em uma Instituição Municipal
de Ensino Superior, como atividade de estágio no curso de psicologia, com o
objetivo de promover discussão e reflexão a cerca das mudanças biopsicossociais
da gravidez, parto e puerpério. O relato sobre violência obstétrica sofrida por
algumas dessas participantes, surgiu no encontro direcionado ao tema sobre
parto, onde as gestantes que já pariram anteriormente relataram suas experiências
vividas no parto e que causam medos e inseguranças na gravidez atual. Os
relatos de violência obstétrica sofrida por algumas dessas mulheres foram:
“[...] o médico me disse, vamos ver se conseguimos escutar o seu bebê no meio
de tanta banha [...]”; “[...] tenho medo do parto normal por causa da episiotomia,
tive que realizar grande sutura [...]”; “[...] o médico me disse, na hora de
fazer gostou né? Agora tem que aguentar [...]”; “[...] durante o trabalho de
parto, no toque me machucaram, fiquei com medo da dor e passei meses sem ter
relações sexuais com meu marido [...]”; “[...] me disseram que quanto mais eu
gritasse, mais fariam com que eu sofresse [...]”; “[...] ter um acompanhante na
sala de parto é lei, mas mesmo assim não deixam entrar ninguém com a gente,
pelo menos aqui na cidade, ninguém pode ter acompanhante [...]”. Diante desses
relatos, é possível dizer que infelizmente as mulheres em vez de exercer o seu
protagonismo na cena de parto, estão sendo submetidas ao papel de vítimas nesse
momento. Pesquisas revelam que intercorrências obstétricas durante o parto,
influenciam negativamente na saúde mental materna, no pós-parto, sendo uma das
fortes causas do estresse, ansiedade e depressão no puerpério. O nascimento de
um filho deveria marcar positivamente a história da díade mãe-bebê, para um bom
desenvolvimento dessa relação, evitando-se assim prejuízos à saúde
materno-infantil. Entretanto, o que se observa nos relatos, indica que o momento
do nascimento do filho é marcado por dor e sofrimento, gerando até mesmo para
algumas sensações traumáticas. É de extrema importância e urgência que o
atendimento à gestante e a parturiente, ocorra de forma mais humanizada,
evitando-se assim futuros problemas de saúde mental em decorrência dos
maus-tratos sofridos por estas, em instituições de saúde públicas e privadas,
locais estes que deveriam garantir e zelar pelo bem estar físico e mental da
paciente.
Palavras Chave: Parto. Violência.
Gestação.
Outro – Relato de estágio
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